quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Fazendeiros pedem reintegração de posse em Itaju


Matéria colhida de Agora online:

Em uma reunião ocorrida no dia 24 de fevereiro, no Sindicato Rural de Itaju do Colônia, os produtores rurais dos quatro municípios atingidos pela onda de invasões promovidas por índios da tribo Pataxó-Hã-hã-hãe discutiram as providências a serem tomadas visando à reintegração de posse das terras invadidas. Os produtores formalizaram neste mesmo dia, à Justiça Federal, o pedido de reintegração.

Além da reintegração, a reunião tratou sobre a violência instalada nos municípios de Itaju, Camacan,  Pau Brasil e Itapetinga por conta das invasões. Segundo os produtores, o problema não teria chegado a este ponto se o governador Jaques Wagner não tivesse, em novembro do ano passado, pedido para suspender o julgamento da Ação Declaratória de Nulidade de Títulos, pela ministra Carmen Lúcia, que julgaria a quem pertenciam as terra e retiraria das localidades aqueles que não fossem os donos.

“O governador mandou suspender o julgamento, alegou que não poderia dar segurança necessária para a retirada dos índios e agora estamos vivendo essa situação. Agora o comércio está todo fechando, a Funai levando os índios para lá e homens fortemente armados invadindo as propriedades”, contou o proprietário rural Armando Pinto.

Segundo o deputado Paulo Magalhães, o governador Jaques Wagner enviou as polícias aos locais de conflito e comunicou à presidente Dilma Rousseff. “Ele está tomando providências. Foi muito afetuoso quando informamos. Agora temos 100 policiais em Itaju”, disse o parlamentar.

Invasões

Até o fechamento desta edição, somavam-se 44 as fazendas invadidas pelos pataxós na região (24/02, hoje já são mais de 50). A ação indígena começou há uma semana e, segundo declarações dos donos de terra invadida, os índios portavam armamento pesado. Eles teriam sofrido ameaças, sido saqueados e tido rebanhos raptados. Segundo o sindicato, o total da área atingida pela ação é de 25 mil hectares, mais de 300 famílias estão desabrigadas e cerca de 9 mil cabeças de gado vagam pelas ruas e estradas da cidade.

Conforme o proprietário Marco Antônio Andrade, 50 homens armados invadiram sua fazenda. “Eles roubaram animais, celas, fecharam a estrada de acesso para a fazenda”, informou.

O produtor rural Dirvan Silveira, dono de uma propriedade localizada no quilômetro 25, do trecho Itaju-Pau Brasil, contou ao Agora que na quarta-feira da semana passada os índios Pataxós Hã-hã-hãe balearam um rapaz que no momento pedia emprego na sua fazenda. “Invadiram, jogaram tudo pro ar, bagunçaram tudo, balearam um rapaz que estava querendo ser funcionário, que agora está internado no hospital de Vitória da Conquista, e estou impedido de entrar em minha fazenda”, disse.

Além da reintegração, os proprietários de terra estão pedindo também a manutenção da posse, garantindo-lhes a segurança para que outras invasões não aconteçam. “Nós queremos esse julgamento”, disse o proprietário Armando Pinto.


Agora online é a versão digital do jornal impresso Agora, com circulação em Itabuna e sul da Bahia.

Comissão pataxó vai a Brasília falar com ministra do STF

Brasil, o país aos avessos.
Nesta quarta-feira (29/02) uma comissão de representantes indígenas voou para Brasília para uma reunião na Procuradoria da República e, também, com a ministra do Supremo Tribunal Federal, Carmem Lúcia, relatora do processo que julga a
ação civil originária 312 (ACO 312/1982)

O objetivo das reuniões é meio óbvio. Apresentar a versão deles e tentar justificar a onda de violência instaurada na região. A intenção por trás disto é convencer o supremo de que os "índios" já têm a posse da área para influenciar um veredicto favorável.


Esta notícia pode ser encontrada no 
Atarde online, mas está escrita de forma tão parcial que nem recomendo. Não podíamos esperar nada diferente desta jornalista Ana Cristina. (saiba mais nas nossas postagens de 2010)

Agora vou explicar a frase em negrito no inicio do texto.


Há algum tempo (alguns anos) os produtores rurais de Itaju e Pau Brasil, constantemente ameaçados de terem suas propriedades invadidas pelos "índios", buscam por meio dos seus sindicatos rurais, da FAEB* e do CNA** um encontro como este com a relatora da ACO 312.


Na terça feira (28/02), produtores rurais que tiveram suas propriedades invadidas, representantes do sindicato rural de Itaju do Colônia, trabalhadores rurais e comerciantes embarcaram em um ônibus com destino a Brasília para pleitear um encontro com a ministra Carmem Lúcia. Se ela está se dispondo a ouvir uma das partes, porque não tentar que ouça a outra. Eles pretendem acampar em frente ao supremo e exigir uma audiencia. A intenção é pressionar o supremo para que a ACO 312 seja votada pondo um fim ao drama vivido por esses cidadãos.  

O bandido que invade armado uma propriedade e expulsa seus donos e trabalhadores, rouba o gado e pertences pessoais é recebido pela justiça. O trabalhador que produz o alimento que nutre nossa população, gera emprego, renda e desenvolvimento para o país é deixado do lado de fora.
*FAEB : Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia
A missão da FAEB é representar, organizar e fortalecer o produtor rural baiano, defender seus direitos e interesses, promovendo o desenvolvimento econômico, social e ambiental do setor agropecuário.
**CNA: Conselho Nacional da Agricultura
É responsável por congregar associações e lideranças políticas e rurais em todo o País. É presidido por uma senadora e ainda assim não é recebido pelo supremo.

Vou postar aqui as informações que obtiver da comitiva de Itaju em Brasília.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Roubo de gado nas áreas invadidas


As propriedades invadidas por supostos “índios” em Itaju do Colônia e Pau Brasil neste início de ano são em sua maioria de criação de gado. Os invasores afirmam que seu único interesse é pela terra, que pertenceria à área da reserva que estes reclamam ao STF. Porém, passado o carnaval, os proprietários expulsos, ao tentar resgatar seus rebanhos verificaram a falta de enorme número de animais.

Obtivemos as seguintes quantidades* de alguns dos proprietários afirmam terem sido roubadas:

Dede Moreira                                      125 reses
Paulo Magalhães                                  38 reses
Teodoro Ribeiro Neto                          45 reses
Jaime do Amor                                   36 reses
Marcos Andrade                                  22 reses
Dirvan Fernandes                                10 reses
Flávio Fernandes                                 5 reses

Os proprietários prestaram queixa na delegacia de Itaju e na polícia federal e aguardam providencias.

A notícia que se tem neste município é de que o gado está sendo vendido em Canavieiras para financiar a compra de armas.

Além disto, como os acessos estão sendo controlados por "índios" armados, os proprietários só estão tendo acesso ao gado com escolta polícial, que não está sendo muito solícita.

Índio não quer apito, quer gado!

*estas quantidades foram obtidas no final da semana passada (24/02), como o acesso às áreas é difícil, a quantidade pode ser maior.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

PM surpreende 8 supostos Índios armados até os dentes em Itaju do Colônia

O texto a seguir não é meu, foi retirado da Tribuna de Ibicaraí, mas pode ser encontrado também em jornalsportnews. Estou replicando pois a notícia havia chegado a mim por meio de moradores de Itaju. E a grande mídia não tem interesse em divulgar quem são os “verdadeiros índios”.

Quatro guarnições da Polícia Militar compostas com 20 policiais, que estão resguardando os municípios de Itaju do Colônia, Camacan e Pau Brasil em consequência das invasões de terras em litígios nas regiões conflituosas, surpreenderam na tarde deste domingo (26), oito supostos índios armados com facas, revolveres e rifles na região de Pau Ferro, já nas dependências do Município de Itaju do Colônia.

De acordo com informações policiais, os homens estavam ás margens da Ba-001 quando perceberam a aproximação das viaturas da PM. Alguns deles abandonaram as armas após caírem no matagal. Segundo ainda informações das autoridades, os indígenas estavam pilotando quatro motocicletas tipo Honda Bross, e um deles conseguiu fugir com um dos veículos, enquanto os demais, fugiram a pés por dentro do mato, todos portando armas de fogo. Os policiais não tiveram êxito na busca aos indígenas por dentro do mato, mas ainda assim conseguiram recuperar duas das armas que eles abandonaram no momento em que entraram em fuga. Os veículos e as armas apreendidas, encontram-se á disposição das autoridades policiais do Município de Itaju do Colônia.

No calor de Itaju bandidos disfarçados
fazendo cena. Fonte: Rede Bahia
A região se tornou refugio de fugitivos da lei. Eles pintam a cara, fazem dancinha para a TV enquanto mantêm Itaju em pânico e trabalhadores sem o seu sustento. O comercio da cidade continua não funcionando com medo de ações dos bandidos.

Itaju - Pau Brasil

Retirei o seguinte texto do site r2cpres, uma publicação focada na região sul do estado, que achei interessante e como espectador participante sei que condiz com os fatos. Fiz alguns grifos, mas a nota original pode ser encontrada aqui.

Desde a ultima quarta feira (15/02) a estrada Pau Brasil - Itaju do Colônia esta fechada por ditos índios que não deixam ninguém passar.

Reforçados por índios de outros lugares, fortemente armados inclusive com fuzis, andam livremente por esta estrada de motos e caminhonetes, em bandos de 60 pessoas. Estes promoveram um "arrastão", invadindo fazendas e depredando as instalações. As fazendas invadidas já somam, trinta ou mais.

Como era carnaval, nenhuma autoridade estava trabalhando. Não tem ninguém na policia federal, a policia militar enviou duas viaturas para ficar no bairro parque dos rios em Itaju, fazendo revista em não índios.

O governo do estado não se pronuncia. Na "ex-fazenda" de Lucino Galvão (já tomada), próxima a Itaju, tem mais de 50 homens armados prontos para invadir qualquer propriedade rural.

E necessário a presença da força nacional, policia federal e militar para promover um desarmamento e prender os bandidos procurados pela policia que eles escondem,  e são utilizados nas invasões.

Observem no vídeo no link abaixo, um índio de cor negra dando uma entrevista afirmando que retomaram uma fazenda sem utilizar armas, mas que foram recebidos a tiros.

Resumo, estamos cercados por índios armados que fazem o que querem.


21/fev/2012.
Autor: Roberto Rabat Chame

Insulto à inteligencia, um grupo pacífico
tomou a fazenda de seguranças armados.
Fonte: Rede Bahia 
Parabenizo o Roberto Chame, mas quero aproveitar para questionar:

Como se toma sem armas uma fazenda protegida por homens armados?

Ah! Não sou antropólogo, mas esse Araibóia Pataxó não tem muita cara de índio não. 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Definições para "Esbulho possessório"


Esbulho possessório: 
1) Ato violento, em virtude do qual uma pessoa é despojada ou desapossada de um bem legítimo, caracterizando crime de usurpação.
2) Crime contra o patrimônio consistente em invadir terreno ou edifício alheio, com o intuito de adquirir a posse.
saberjuridico.com.br (Grifo nosso)

Tenho vergonha do país que não respeita o direito à propriedade. Tenho pena do cidadão que não possui segurança para produzir alimento. Bem fundamental à manutenção de uma sociedade.

O conceito de crime no nosso País é relativo. Por mais absurdo que soe é verdade. O conceito de cidadão também é. O direito à propriedade, que deveria ser direito fundamental da pessoa humana e garantia inviolável da liberdade individual, não é garantido por nosso governo.

O invasor do imóvel, que expulsa com violência seu proprietário, não deve retirar-se imediatamente do imóvel invadido. E o proprietário não possui o amparo do estado para tal, a não ser que obtenha uma ordem judicial. Então questiono:
  1. O título da propriedade, reconhecido e registrado serve exatamente para que?
  2. E será que é fácil conseguir uma ordem judicial em pleno carnaval na terra da folia?
Se este invasor de terra pertencer a uma minoria étnica privilegiada e considerada incapaz, mesmo que este seja completamente aculturado e miscigenado, e o faça com violência, portando armas de fogo sob o pretexto de pressionar a justiça. Então não é crime mesmo. Criminoso é o trabalhador que batalhou a vida inteira para por alimento na mesa dos brasileiros, que hoje tem sua propriedade tomada, sem direito a recuperar seus pertences mais íntimos.

Acredito que não estão em jogo dinheiro e investimentos. Mas a vida de homens, mulheres e suas famílias que obtiveram as terras legalmente, com trabalho e dedicação. Pagam seus tributos e contribuem para a construção deste país. O mesmo país que lhes nega segurança e apoio.

Não são apenas os proprietários prejudicados com estas ações, mas trabalhadores que perdem seus empregos, seu sustento. As cidades envolvidas na questão vivem basicamente da agropecuária. Seu comercio é pequeno e gira em torno de abastecer estes produtores rurais.

O Brasil possui sim uma dívida social com minorias étnicas injustiçadas no passado e deve cuidado e uma compensação a estas. Mas esta compensação deve ser criteriosa. Ou todos os não descendentes de índios devem simplesmente perder o direito à posse. Afinal, não há um m2 de terra, nem mesmo as áreas ocupadas pelo próprio governo, que não tenham sido invadidas.

A ACO 312 pede a nulidade dos títulos de terra fornecidos pelo estado da Bahia a produtores rurais. Então o réu deveria ser o estado da Bahia, que na teoria teria cometido o erro. Sendo assim, o estado da Bahia deveria compensar os indígenas com uma reserva equivalente, bem como o amparo necessário. Quer dizer, o réu da ACO 312, os proprietários legais das terras não infringiram nenhuma lei. Como pode o produtor que adquiriu legalmente uma propriedade perder este direito se foi o ESTADO a lhe fornecer?

Acho que preferia o país da ditadura, quando se pressionada o governo com passeatas e NÃO com violência ou o esbulho da propriedade alheia. Se bem que os que faziam passeatas durante a ditadura não eram considerados incapazes e seriam (no mínimo) retirados, e detidos imediatamente caso agissem desta forma criminosa.

Cidade sitiada


Moradores mobilizados
A ameaça de “arrastões” em Itajú do Colônia fez com que o pequeno comércio da cidade não abrisse as portas nesta sexta-feira (24). A população está apavorada devido a onda de violência instaurada na região pelos supostos índios que invadiram mais de 40 fazendas durante o carnaval.

Vale conferir os depoimentos na nota do G1 clicando aqui. É bom atentar para o eufemismo da Globo que trata expulsão de produtores rurais sob mira de armas como “Membros da tribo Pataxó Hã-hã-hãe começaram a se abrigar nas propriedades rurais”.

Fazendas que circundam a cidade foram invadidas e os invasores ameaçaram durante esta semana invadir as casas e saquear o comércio da cidade.

A estrada que liga Itajú a Pau Brasil está fechada pelos invasores que recebem à bala os produtores rurais que tentam resgatar seus pertences ou rebanho.

Não há previsão de início de reintegração de posse aos proprietários das fazendas.

Manobra com a mídia

Morreu um dos invasores de terra. José Muniz, de 40 anos, era irmão do “cacique” Nailton, que teoricamente comanda a barbárie instituída nesta região. José sofreu um enfarto e não conseguiu ser atendido a tempo. Porém, a mídiacorreu para noticiar que este teria sido morto por “jagunços” à mando de fazendeiros (no link atentar para o final o ultimo parágrafo).


Desmascarada a causa da morte, os invasores noticiam que jagunços, à mando de fazendeiros teriam bloqueado a estrada, impedindo o acesso do socorro. Porém, quem está na região sabe que quem bloqueou a estrada isolando os municípios de Itajú do Colônia e Pau Brasil foram os invasores, que montam barreiras com pedras e jagunços, travestidos de índios, com armas.

E mais uma vez a mídia corre para apoiar a falsa causa indianista, composta de meia dúzia de mestiços, cercados por ladrões e traficantes da pior espécie, refugiados sob o abrigo de um órgão federal corrupto.

Quero deixar claro que esta nota não pretende festejar a morte de ninguém e que o falecimento de um ser humano, independente do seu carater nos deixa consternados. O objetivo é repudiar o comportamento parcial e vendido da mídia da região.

Roubo de gado

Os produtores que tiveram suas propriedades invadidas nesta ação ocorrida no carnaval vêm denunciando o roubo de gado. Estes produtores têm retirado seus rebanhos, sob escolta da polícia federal, e percebem que grande parte do gado está faltando, além de animais de montaria.

Os invasores alegam que estão abatendo os animais para comer (o que já configuraria crime). Porém, a informação obtida em Itajú é de que estes estão sendo vendidos a um abatedouro no sul do estado para financiar a compra de mais armamento.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Neste carnaval a fantasia de índio foi a mais popular no sul da Bahia

Carnaval é época de alegria, descontração e felicidade. Principalmente na Bahia que promove o maior carnaval do mundo em sua capital. Festa tão imensa que requer toda a força de que o estado dispõe para acontecer com segurança.

Eis então que surge o questionamento: E a bandidagem; está toda na folia em Salvador, ou aproveitando-se da impunidade para promover barbárie nas regiões desfalcadas?

Os produtores rurais da região entre Itajú do Colônia e Pau Brasil no sul da Bahia enfrentaram, possivelmente, o pior carnaval de suas vidas. 49 propriedades agrícolas foram invadidas até o momento, por bandidos armados passando-se por índios. Estes agrediram os produtores, expulsando-os de suas propriedades sob mira de armas. Casas estão sendo saqueadas e o gado (principal cultura da região) sequestrado.

Mesmo propriedades que foram reintegradas pela justiça no ano passado, e que possuem o direito da manutenção da posse foram tomadas. Os trabalhadores não puderam sequer recuperar seus pertences pessoais, como roupas.

As ações voltaram a ocorrer desde o início do ano dando sinais ao estado da instabilidade da região. As invasões se intensificaram durante o carnaval aproveitando que neste período os direitos do cidadão que não está em um camarote entre a Barra e Ondina saem de folga.

Passada a folia em salvador, o governo começa a mostrar alguma preocupação. Propõe a criação de uma força especial para apaziguar a região. Mas nenhuma proposta é apresentada para devolver a estes produtores seus bens e seu sustento.

A estrada entre os dois municípios está fechada e os moradores de Itajú apavorados com a brutalidade das ações que já alcançam as imediações da cidade.

Para finalizar quero destacar que quem promoveu esta "folia" foi o governo do estado que impediu o julgamento da ACO 312 previsto para o final do ano passado, pois precisava (pasmem) estruturar uma força para garantir a paz na região.

Editorial

Estou publicando aqui um texto muito sóbrio e consciente de um colunista e advogado de Itororó, Djalma Figueredo, públicado no final do ano passado. Acho importante para quem busca entender a ação que motiva as atrocidades que assolam a região.

ACO 312, INDIOS CONTRA FAZENDEIROS

Está preste a ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal a ACO 312, ação cível originária, proposta pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI) para requerer a nulidade dos títulos de propriedades de terras localizadas entre os municípios de Camacã, Pau Brasil e Itaju do Colônia, os quais foram emitidos pelo Estado da Bahia em favor de inúmeros fazendeiros. Além da nulidade, a ação reivindica também uma área de terras de 54 mil hectares, para assentamento de cerca de três mil descendentes dos índios Pataxós Hã hã hãe, antigos habitantes da região.

A ação foi requerida em 1982, e não foi concluida em 20 de novembro último porque o Governo do Estado da Bahia solicitou ao STF a suspensão do julgamento, alegando precisar de tempo para garantir a segurança da região em conflito, face aos possíveis desdobramentos decorrentes da sentença final.

Em toda a região, a expectativa com o desfecho da questão que já dura 30 anos, é muito grande, principalmente entre os índios pataxós e os fazendeiros envolvidos no conflito. O julgamento está previsto para ocorrer assim que o Governo do Estado da Bahia retorne ao Supremo Tribunal Federal com a resposta sobre a segurança da região conflitada, o que, certamente, ocorrerá logo que termine o recesso do STF.

Creio que, dificilmente, os fazendeiros perderão esta questão. A tese da posse imemorial, arguida pelo Autora da ACO 312 que se fundamenta no princípio de que os índios são os reais donos da terra, uma vez que já a habitavam em passado remoto, já não possui muitos adeptos no Poder Judiciário.

A partir de 1961, surgiu uma nova orientação para a aplicação do direito constitucional dos índios, com o célebre voto do ministro Victor Nunes Leal, na ação em que o Supremo Tribunal Federal discutiu a constitucionalidade de uma lei do Estado de Mato Grosso que tentava reduzir a área tradicionalmente ocupada pelos índios Caidinéos.

A tese levantada pelo eminente jurista foi a de que, constitucionalmente, aos índios pertenceria o território ocupado por eles, na época da promulgação da Constituição Federal e, por essa razão, a posse indigena da referida área deveria ser respeitada pelo Estado e pela sociedade. Com esse fundamento, o STF afastou, por oito votos a dois, a possibilidade de redução das terras dos índios Caidinéos, e considerou inconstitucional a Lei nº 1077 de 1953 do Estado de Mato Grosso que dispunha sobre o assunto.

Creio que é por esse caminho que o STF deverá seguir ao julgar a questão entre os índios Pataxós e os fazendeiros da região de Pau Brasil, Camacã e Itaju do Colônia. Isto é, a Suprema Corte deverá considerar terras indígenas aquelas que já estavam ocupadas pelos Pataxós Hã hã hãe, na época da promulgação da Constituição de 1988.

Uma decisão contrária para a ACO 312 faria dos índios os únicos proprietários de todo o território nacional, onde os demais brasileiros, nascidos da miscigenação entre brancos, negros e índios seriam meros inquilinos, sujeitos a ser despejados de suas propriedades assim que alguma tribo as reivindicasse.

Essa impensável possibilidade, com certeza fundamentada na teoria da posse imemorial, firmaria jurispudência sobre o assunto e levaria o conflito entre índios e não índios a outras regiões, ainda que distantes dos municípios abrangidos pela ACO 312. No município de Ilhéus, por exemplo, mais precisamente na região de Olivença, a FUNAI está reivindicando a demarcação de terras indígenas, baseada nesta teoria que, se procedente, desalojará milhares de proprietários de imóveis rurais e urbanos.

Melhor esclarecendo, se a decisão do STF para o conflito entre os Pataxós e os fazendeiros da região formada pelos municípios de Camacâ, Pau Brasil e Itaju do Colônia, for de acatamento da posse imemorial para os índios, nada vai impedir que a FUNAI faça também a demarcação das terras indígenas, no município ilheense. E, se o fizer, na forma do Relatório por ela já elaborado para a região, uma parte da Vila de Olivença e diversos balneários, situados ao sul da orla marítima de Ilhéus, passarão automaticamente para o domínio dos índios.

Portanto, é possível prever que diversos conflitos sobre a posse de terras, entre índios e não índios, com consequências imprevisíveis, podem vir a ocorrer em qualquer parte do território nacional. Além disso, a decisão acarretará a obrigatoriedade de revisão do direito de propriedade e da confirmação de que todo e qualquer cidadão pode ser doravante desapropriado de suas terras, em benefício dos primitivos habitantes do país.

A relatora da ACO 312 é a ministra Carmen Lúcia que, além do senso de equilíbrio, tem demonstrado pelos julgamentos de que participou, ser dona de uma visão justa e moderna ao julgar questões polêmicas, como as que envolvem o direito dos índios. Por isso, é provável que seu relatório trate a questão estritamente no campo do direito, procurando contornar a paixão popular e evitar os interesses políticos que envolvem a delicada questão indígena no país.

Atualmente, a ideia mais aceita para a questão indígena é a de que o Estado, por meio das reservas legais, procure assegurar ao índio o seu habitat natural, garantindo-lhe o território em que possa retirar seus recursos alimentícios e viver segundo seus costumes e tradições. Mas é, também, exigência da sociedade que o Estado não busque desalojar o restante da população brasileira das cidades que construiu, e das terras que desbravou e tornou produtivas, em nome de um direito remoto, indefensável e que extrapola o bom senso. E, para isso, não é sequer preciso dizer que muitas situações de fato são irreversíveis; que muitos erros do passado, infelizmente, já não podem mais ser corrigidos, sob pena de se ver praticando erros ainda maiores.

Ao Poder Judiciário, como se sabe, ficou a tarefa de decidir os diversos conflitos que, por ventura, forem surgindo entre índios e demais brasileiros, pela posse da terra. E, para o melhor desempenho dessa missão, o que a sociedade espera do STF é que, neste julgamento, seja firmado um marco temporal definitivo, que venha servir de parâmetro a todos os outros julgamentos que envolvam índios e produtores rurais pela posse da terra.

Texto: Djalma Figueiredo

Esse texto pode ser encontrado na edição especial de fim de ano do Jornal Dimensão e no blog Itororó já.